sábado, 28 de março de 2009

A capacidade das crianças e a incapacidade de alguns adultos.

Ao longo dos anos sempre achei que as crianças são os seres com maior capacidade de raciocinar sobre a forma como as coisas são na sua verdadeira essência. Ao verem que não dá para atingir de uma maneira determinado objectivo, partem logo para uma alternativa que está na maioria das vezes mesmo ali ao lado e à vista de todos.

Esta introdução serve de ponto de partida para tocar num assunto que para mim é deveras interessante e que quero partilhar com o mundo.


Quem me conhece, sabe que eu não consigo fazer nada com as mãos, nada mesmo. O mais interessante é que há gente adulta que me conhece praticamente desde que eu nasci, que sabem muito bem quais as minhas limitações, o que sou capaz e como consigo fazer mas apesar disso, quando me querem dar qualquer coisa direccionam-se logo para as minhas mãos ficando (mesmo assim) alguns minutos à espera que eu pegue com as minhas mãos o que me querem dar. Muitos acabam por desistir de me dar, ou então pousam o objecto o mais próximo de mim dizendo “depois diz aos pais que isto é teu”.


Mais grave é quando algumas pessoas ao verem que eu não pego, agarram à força uma das minhas mãos para colocarem o que me querem dar. Naturalmente que nas maiorias das vezes, passados alguns segundos, deixo cair o objecto; vendo o bem no chão, apressam-se a apanhar e muitas das vezes (um pouco zangadas) repetem a mesma asneira.


Em sentido oposto estão as crianças. Há uns dias atrás voltei a reviver uma experiência única e que me toca profundamente o coração.


Estava eu no bar que a minha família está a explorar, quando vejo a entrar um miúdo (que tem 4/5 anos) que mora mesmo em frente. A mãe dele foi tomar café lá e ele acompanhou-a, mas antes tinha ido à pastelaria do lado buscar um saquinho de gomas. Depois de dar umas corridas, o Filipe vem a correr para a mesa da mãe, onde tinha as gomas, e diz à mãe: “Mãe, vou dar uma goma ao Nuno”. Eu sorri com esta atitude. Veio a correr para mim e só diz uma única vez “pega”. Olhou para mim e viu-me de boca aberta – fiz isso para ver a reacção dele – e o nino não tem mais, mete-me a goma na boca mesmo antes da mãe lhe dizer que ele tinha de me meter à boca. Este acto ganha maior destaque se eu disser que a minha relação com o Filipe é quase nenhuma, nunca tivemos um contacto muito directo.


O caso do Filipe é apenas um dos muitos casos pela qual já passei, tanto com crianças mais novas como mais velhas que ele.


Ainda bem que há crianças neste mundo…

1 comentário:

Sónia´s space disse...

Pois..não é por acaso que se diz que as crianças são a melhor coisa do mundo. São sinceras, frontais e por vezes mais "inteligentes" que muitos adultos que por aí andam.
Ainda bem que assim é...dá-nos esperança num futuro melhor.

beijo