quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A mensagem de Boas Festas de Pedro Passos Coelho

O dia seguinte ao de Natal de 2012, trouxe-nos mais um episódio lamentável para os lados de São Bento. Como tem sido comum no último ano e meio (se calhar até menos), o Primeiro-Ministro de Portugal voltou a contradizer-se.

Numa tentativa de se aproximar mais dos portugueses, de quem se tem afastado a cada dia que passa, Pedro Passos Coelho decidiu usar de novo o Facebook – muito em voga entre a classe política – para deixar uma mensagem a todos. Acontece que sempre que o Primeiro-Ministro tenta ficar bonito na fotografia, ainda fica com pior aspeto na mesma.

Toda a gente se deve lembrar que não há muito tempo atrás, Pedro Passos Coelho afirmou de boca cheia que os portugueses estavam habituados a viver acima das suas possibilidades e que tínhamos de ficar mais pobres para podermos pensar num futuro melhor (já aqui há um paradoxo). Perante estas palavras, principalmente a primeira parte, eu até estou de acordo com o homem; isto porque muita boa gente andou a viver à rico quando não tinha possibilidades para tal. Mas estes não são todos os portugueses!

Esta ideia de Pedro Passos Coelho até tinha fortes possibilidades – ao contrário de muitas outras – de ser aceite na sua generalidade. Tirando a ideia de que para se ter uma vida melhor no futuro é preciso empobrecer (quem é que pode ter uma vida boa se ficar pobre?), a ideia de que se viveu além das possibilidades começava a fazer com que as pessoas se consciencializassem de que era mesmo assim, onde o próprio Estado era um exemplo célere desse despesismo além das posses.

Acontece que Pedro Passos Coelho, gostando muito de ser polémico, decide voltar à carga e na tal dita mensagem afirma: “Este não foi o Natal que merecíamos. Muitas famílias não tiveram na Consoada os pratos que se habituaram. Muitos não conseguiram ter a família toda à mesma mesa. E muitos não puderam dar aos filhos um simples presente.”.

Vamos lá esclarecer uma coisa: se o senhor disse que estávamos a viver acima das possibilidades? Também não afirmou que se tinha de empobrecer? Este Natal – com a sua ajuda – foi exatamente aquilo que o senhor afirmara ser o melhor. Gente com pouco dinheiro para comer e dar de comer aos familiares (principalmente aos filhos), gente que não tem dinheiro para dar um mimo aos filhotes, e, gente que não foi capaz de reunir a família à mesa impulsionando assim o verdadeiro espirito do Natal.

Corta nos subsídios de Natal e de férias, corta nos ordenados, corta nas pensões sociais, aumenta drasticamente os impostos sobre os rendimentos e sobre o consumo, encarecendo assim os bens transacionáveis e afundando não só as famílias que ficam sem dinheiro para comprar mas também as empresas e o comércio porque não têm quem compre. Agora vem dizer (com um tom angélico e de quem é muito amigo dos portugueses) que este Natal não foi o que merecíamos??!!

Por fim, faz um apelo a que se sinta orgulho pelos sacrifícios feitos. Que ser humano, no seu perfeito juízo, tem orgulho em fazer sacrifícios obrigado pelo governo e com isso estar a penar?   

Deixo-lhe aqui um conselho. A partir de agora, antes de falar ou escrever publicamente, não se atreva a abrir a boca ou a escrever o que seja. É que como diz o povo: sempre que abre a matraca ou entra mosca ou sai mer**.

E já agora, abstenha-se de tratar os portugueses como “amigos”, porque 95% deles – não digo 100% pois ainda há quem o defenda – já não o pode ver à frente.

Outra coisa, achei demasiado pindérico da sua parte assinar a mensagem conjuntamente com o nome da sua esposa. Também não será assim que conseguirá repor a imagem perdida perante os portugueses.

Nota: para quem quiser ler a mensagem de Pedro Passos Coelho, tem aqui a ligação: https://www.facebook.com/pedropassoscoelho/posts/10151394557387292