sábado, 7 de agosto de 2010

Onde anda a crise afinal?

Desde que se houve falar da crise económica que afectou o mundo e, principalmente, o nosso país, que eu sempre disse que era tudo mais boatos que outra coisa. A verdade é que esses boatos (cada vez mais me convenço que o são) serviu para nos amedrontar a todos e para justificar algumas trafulhices de certos patrões, não só para com os seus empregados mas também para com o Estado.

A verdade é que a partir de 2008, altura em que se começou a falar da suposta "crise", tenho observado, lido e escutado tudo o que se desenrola à minha volta, eu já era assim mas com o facto de ter entrado no mestrado de Sociologia, ainda mais atento fiquei à televisão, aos jornais, à internet e fundamentalmente ao dia-a-dia das pessoas. Confesso que tenho me rido à brava com as conclusões que tenho tirado.

Vi e ouvi ao longo dos últimos dois anos, muita gente a queixar-se que as coisas estavam más, que tinham que poupar senão o dinheiro não chegava. Eu, na minha boa fé, lá acreditava que as coisas não estavam realmente muito famosas. Acontece, que apesar de tantos queixumes, não vi mudanças radicais no dia a dia dessas mesmas pessoas; continuavam a comprar o que bem lhes apetecia, outros a irem almoçar/lanchar/jantar fora diariamente quando antes já o faziam, eram poucos os casos que via a conter-se na despesa. A realidade é que continuava a ver e a ouvir "choradeiras" que não havia dinheiro e que tinha que se apertar o sinto.

Chegou o verão e eu pensava que iam todos ficar em casa a poupar o dinheiro que supostamente não chegava para as despesas do dia a dia. Nas boas da verdade, começo a ficar estupefacto quando começo a ver notícias tipo: "Algarve tem mais turistas portugueses que nunca" ou "portugueses estão a viajar mais para o estrangeiro para passar férias". Ainda mais espantado fiquei quando ouço gente que até há meia-dúzia de dias atrás diziam que não tinham dinheiro, a informar que iam ou foram de férias para tal sitio. Perante tal situação, apetecia-me mesmo perguntar-lhes: «saiu-lhe o Euromilhões?» naturalmente que iam dizer que não e perguntar o motivo da minha pergunta, a minha resposta não poderia ser muito diferente desta: «então até há bem pouco tempo, dizia que estava mau que era preciso poupar e de repente já tem dinheiro para ir de férias?».

Mas a admiração não fica por aqui. Notícias tipo "Venda de carros de luxo, sobem em Portugal", ou a mais recente que vi onde diz que a primeira loja do país de venda exclusiva de produtos Apple facturou cerca de 40 mil euros só no primeiro dia.


Poderia estar aqui o dia inteiro a dar mais exemplos como o caso dos partidos políticos que fazem um alarido de todo o tamanho para informarem que decidiram baixar 5% ao ordenado dos funcionários de apoio ao grupo parlamentar, mas ninguém os ouve a dizer «vamos propor a redução dos ordenados de todos os deputados, de todos os membros do governo e todo o pessoal que serve o Presidente da República (ele incluído)»; outra coisa irritante foi o chumbo de quase todos os partidos da proposta de redução do número de deputados que alguém fez.

É por estas e por muitas outras que eu pergunto: Crise? Onde está ela?