sexta-feira, 26 de abril de 2013

Deficiência, emprego e o "bate punho"


Um dos meus maiores desejos neste momento, é o de querer arranjar um trabalho para poder organizar a minha vida como deve ser. Ter a minha independência financeira e provar que posso ser útil para com a sociedade onde estou inserido. É este ”pequeno” grande detalhe que me está a encravar a realização de outros sonhos/projetos pessoais.

Quando falo com várias pessoas sobre esta minha (enorme) vontade de arranjar trabalho, chovem palavras de lamentações e de justificações com a atual situação económica do país e que não está fácil para ninguém. Como cidadão atento que sou, bem sei que a coisa no nosso país está extremamente complicado para toda a gente. Há muita gente que quer trabalhar e não consegue arranjar, outros têm que abandonar o seu país e a sua família para conseguir ganhar o ganha pão lá fora, outros pura e simplesmente não quererem qualquer tipo de trabalho; há ainda patrões que se aproveitam desta tão falada “crise” para justificar despedimentos e outras maroscas pouco dignas no respeito para com o ser humano. Sei disto tudo.

Há aí um sujeito que foi “promovido” pela sociedade a vedeta e pelo governo quase a herói nacional do empreendedorismo só por ter dito num programa de televisão que os jovens precisavam “bater o punho” para arranjar trabalho e não se limitar a ficar em casa à espera que caía algo do céu. Eu até concordo em parte com esta personalidade, o que não me cai bem é o facto de ele saber que há pessoas que se fartam de andar a correr mundo à procura de oportunidades e, depois, não têm quem lhes dê essa oportunidade. Não é por falta de “batimento de punho” que eles não conseguem. Além disso, há ainda aqueles que conseguem algo e sujeitam-se a ser uns verdadeiros escravos das empresas, a receberem por recibos verdes, muitas vezes nem metade do ordenado mínimo tiram e que nem para as despesas dá. É para isto que ele diz para se bater punho?

Há também outros casos, na qual eu me autoincluo, que mesmo antes da dita “crise” ter aparecido, já viviam em crise desde sempre. Apesar de terem um percurso académico assinalável (algo que o “bate punho” diz que não interessa para nada. Se assim é, então para que existem as Universidades?), não têm quaisquer hipóteses de mostrar à sociedade de que são capazes de serem produtivos e que podem contribuir ativamente para o desenvolvimento económico e social do nosso país. Quando algum ser portador de deficiência aparece nos meios de comunicação social a mostrarem os seus feitos e as suas conquistas, toda a gente fica boquiaberta com tamanha força da natureza. Mas e dar-lhes oportunidade para eles conseguirem singrar profissionalmente? Onde estão os direitos destes seres que apesar de terem algumas limitações, tenho a certeza de que desempenhavam mais e melhor as tarefas atribuídas a eles do que muitos ditos “normais”?

Podemos ser diferentes fisicamente, mas somos mais empenhados em não desistir dos nossos sonhos e objetivos. Deem oportunidade a esta gente para provarem do que é capaz. Deem-me uma oportunidade de sentir-me útil para com o meu país (apesar de ele pouco merecer), deem a oportunidade de conseguir a minha independência financeira e seguir para os meus outros sonhos/objetivos pessoais.  

Se tirarem a letra “D” à palavra ”deficiente”, ficam com o verdadeiro adjetivo de todos que são como eu. Somos Eficientes!

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A demissão do Pindérico do "Dr." Miguel Relvas

Hoje, quase dois anos depois de lá ter entrado, o até então Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, "Dr." Miguel Relvas, pediu a demissão do governo. Após o escutado com toda a atenção a sua declaração pública e ouvir dizer, como justificação da sua demissão, que já não tinha condições anímicas para continuar, fiquei com a sensação de que só abandonou o cargo porque foi literalmente obrigado a fazê-lo. 

Esta minha conclusão é simples de se justificar. Basta ouvir o que o ex-Ministro disse durante 7 minutos para se perceber isso mesmo. Parecia mesmo uma criança quando está embirrada porque se lhe tirou algo que gostava muito. 

Por um lado começou por dizer todas as grandes decisões (para ele) que ele tomou ao longo dos dois anos que esteve no poleiro. Depois, e do outro lado da moeda, aproveitou para dar bem nas orelhas a Pedro Passos Coelho. Dizendo de forma bem explicita que se este este foi eleito Presidente do PPD/PSD foi graças ao empenho e trabalho árduo que ele (Relvas) teve e que o mesmo se passou com a eleição para Primeiro-Ministro. Deu a entender que se não fosse este empenho, Passos Coelho não estaria onde está agora. 

Das duas uma: ou foi Passos Coelho que empurrou Relvas para fora porque este era um dos maiores motivos pelo descrédito que este governo caiu na opinião pública geral; ou, por outro lado, Paulo Portas pressionou forte e feio Passos Coelho a fazer cair o seu braço direito senão quem caía era o governo. Sinceramente, opto pela última hipótese. Porquê? Vejamos então: o discurso birrento de Miguel Relvas mostra muito bem o mau estar que existe por ali. Relvas sentiu-se desprotegido pelo amigo Coelho e desatou a dar nas orelhas dele publicamente, lembrando-lhe que se ele é Primeiro-Ministro de Portugal foi graças a si e como tal devia tê-lo protegido mais e conservado o seu lugar no poleiro.

Esta birrinha de Miguel Relvas só mostrou, mais uma vez que é um Pindérico do mais alto nível e o quanto lhe custa largar o poder conquistado.

Outra coisa que me fez impressão na declaração de Miguel Relvas, foi o simples facto de ele gastar o seu latim durante 7 minutos e não ter apresentado qual o motivo que o levou a demitir-se. Penso eu que todos os portugueses tinham direito a saber o que leva um ministro a renunciar ao cargo que ocupou. O motivo da "falta de força anímica" não chega. Ainda para mais quando o foco do seu discurso depois de dizer isto, foi de elogiar o trabalho feito por si e de dar recados ao Pedrito.

Especular, como muitos comentadores políticos já fizeram e vão fazer, que esta demissão está directamente relacionada com o caso da sua pseudo-licenciatura é uma falácia. Não foi o próprio Primeiro-Ministro que disse - quando a polémica estalou - que este assunto era um "não assunto"? Se é um "não assunto" não se pode usar este motivo como o que levou a esta demissão. Além disso, o relatório sobre a sua (não) licenciatura já estará nas mãos do Ministro da Educação há dois meses. Porque tanto tempo depois é que se resolve demitir?

A verdade é que o homem demitiu-se (ou foi demitido). Já devia o ter sido há mais tempo? Já! Até nem devia ter entrado no governo.