sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Referendo sobre a coadoção de crianças entre casais do mesmo sexo: A hipocrisia política

No passado dia 17 de janeiro de 2014 foi aprovado no Parlamento, pelo PPD/PSD, a realização de um referendo sobre a coadoção de crianças por casais do mesmo sexo. Não é por causa desta temática que eu quero deixar aqui esta nota, até porque do que tenho visto e ouvido a minha opinião difere de muita gente. O que eu quero chamar à atenção é mesmo a realização do referendo e a hipocrisia que esta decisão se traduz.

Todos nós sabemos que esta questão da coadoção nos dias que correm é algo secundário nas prioridades do país e dos portugueses. Sabemos também que em questões bem mais fulcrais para o dia a dia de todos nós não se propõem referendos para saber qual a opinião de cada português. Decidem tudo nos gabinetes da Assembleia e o povo que se lixe. Quando a matéria diz respeito à intimidade de uma pequena minoria de portugueses, aí já passam a batata quente para o povo todo; quando na boa verdade podiam aprovar o que fosse no Parlamento.

Volto a referir que não é a coadoção de crianças que me incomoda. Incomoda-me sim ouvir os partidos que constituem o governo – em especial o PPD/PSD – a afirmarem que não há dinheiro para a saúde, para o ensino, para as pensões, para melhorar as condições degradantes que muitos dos portugueses estão a viver, e, de repente há dinheiro para se gastar em referendos a temas que nada interferem com a vida da esmagadora maioria dos cidadãos nacionais. Sabe-se que o último referendo que foi feito em Portugal custou nada mais, nada menos que dez milhões de euros aos cofres do Estado. Sabe-se de antemão que o que aí vem, se 35% dos portugueses forem votar será extraordinário. O resultado, esse, posso estar muito enganado mas sabendo o quanto o português é conservador, já se sabe bem qual vai ser. Pergunto: não era muito melhor pegar nos milhões que se vai gastar neste referendo hipócrita e aplicá-lo no que realmente faz falta ao país e aos portugueses?