Andava eu na minha
visita ao mundo informativo virtual, quando me deparo com esta notícia "Final
feliz para touro fugitivo de Viana" (acessível aqui).
Pensei eu que
tinham encontrado o animal vivo e de boa saúde passado mais de um mês. Mas
estava duplamente enganado. Primeiro, porque o referido touro já tinha sido
encontrado e entregue ao seu dono passados 6/7 dias após a fuga; segundo, porque
apesar dele estar vivo e de boa saúde (os 500 Kg mostram isso mesmo) o final
feliz tinha a ver com uma outra situação. Situação essa que me deixou bastante
pensativo.
Antes de continuar
a desenvolver o meu raciocínio, quero deixar bem claro que nada tenho contra os
que defendem os direitos dos animais. São pessoas com convicções fortes (tal
como eu o sou) e por isso merecem todo o meu respeito. Só que no meu entender,
essa defesa devia ter certos limites como é este caso que aqui falo.
Voltando ao tema
deste texto.
Como podem ver na
notícia, houve uma pessoa que se lembrou de usar as redes
sociais virtuais e criar um movimento para angariação de fundos que permitissem
pagar ao dono do touro para que este fosse mantido em liberdade. A ideia da
utilização destas ferramentas para os mais diversos fins, não me espantam em
nada. Sei que já ajudaram a solucionar
imensos problemas e dar novas oportunidades a muitas pessoas por este mundo
fora. Sei também que são usadas pelos ativistas dos direitos dos animais para
mostrarem a sua indignação perante as crueldades cometidas pelo homem para com
os nossos companheiros no planeta terra; nomeadamente as touradas. Tudo isto
merece o meu respeito e aceitação. Mas olhando para este caso da notícia, os
meus neurónios começam a fervilhar com tantos pensamentos contrários à
realidade que se vive neste momento no país.
A angariação levada
a cabo pelo sujeito que teve a ideia de tudo fazer para manter o touro em
liberdade, conseguiu acumular com os donativos de vários portugueses cerca de
1378 Euros. Feito isso, deslocou-se de Lisboa a Viana do Castelo para trocar o
dinheiro pelo touro. Naturalmente que o dono do animal ao ver tal oferta ficou
admirado (pudera!) e nem pensou duas vezes em ver-se livre do mamífero, que até
já estava vendido a um talho de Ponte de Lima para depois entrar na cadeia
alimentar humana. Perante a aceitação imediata (creio eu) do dono no negócio,
tenho cá um pressentimento que os valores referidos superam em muito a oferta
do tal talho da histórica vila minhota.
Permitam-me que vos
coloque as várias questões que me surgiram a quando da leitura desta notícia e
que me deixaram extremamente pensativo.
Todos sabemos que a
crise tem feito com que milhares de portugueses estejam já a passar fome,
principalmente as crianças. Os casos proliferam pelos vários órgãos de
comunicação social. Quantas refeições dava o referido touro a gente
necessitada? Bastava juntar um pouco de massa ou de arroz ou duas batatas e tínhamos
refeições para uns tempos valentes. Não seria melhor pegar nesses tais 1378
Euros comprar na mesma o touro e dividi-lo por quem tem fome? E esse dinheiro
para quantos quilos de massa, arroz ou batata não dava para depois dividir por
quem precisa?
Há angariações de
fundos que me metem muita confusão e esta é um desses exemplos. Gostava antes ver
esses donativos a matar a fome às nossas crianças que estão a padecer por causa
de uma crise que não têm nada a ver com ela, mas que são as primeiras a sentir
na pele. Gostava de ver o sujeito que teve a ideia desse movimento e todos os
que contribuirão com dinheiro, a fazerem o mesmo mas para matar a fome de muitos
portugueses.
A verdade é que o
touro continuará a andar em liberdade algures no distrito de Aveiro e muitos
portugueses (principalmente crianças) continuarão a ter fome. Por isso digo: Há
touros com sorte!
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